O sofrimento humano pode ser compreendido como uma interseção entre expectativa e realidade. A frustração pelo que não se tem nasce do desejo não satisfeito, enquanto a dor pelo que foi perdido surge da memória e do apego. Ambas são forças psíquicas que moldam nossas emoções e percepções do mundo. Mas como podemos entender esses sentimentos e minimizar seus impactos sobre nossa existência?
O Ciclo do Desejo e da Perda
O dilema entre desejar e
perder é um ciclo contínuo. Desde os primeiros momentos da vida, o ser humano
experimenta faltas: o choro do bebê por alimento, o adolescente ansiando por
pertencimento e o adulto buscando reconhecimento e realizações.
O desejo é um motor poderoso que impulsiona conquistas e progresso, mas também alimenta ansiedade e insatisfação. A busca incessante por mais — mais sucesso, mais bens, mais experiências — Pode impedir a apreciação do que já foi alcançado, tornando o desejo uma fonte permanente de frustração.

Imagem de JackieLou DL por Pixabay
Por outro lado, a dor da perda
carrega o peso daquilo que já foi tangível. Diferente do desejo pelo que nunca
se teve, a ausência do que se perdeu é marcada por lembranças e vínculos
emocionais, tornando o sofrimento mais profundo.
A questão central que emerge
é: como lidar com esses estados sem que o sofrimento se torne paralisante?
Reflexão Psicológica: O
Caminho para o Equilíbrio
A psicologia sugere que
ressignificar experiências e desenvolver a capacidade de viver o presente são
estratégias eficazes para aliviar os impactos do sofrimento.
Mindfulness e presença plena
A prática do mindfulness
ensina a direcionar a atenção ao momento presente, reduzindo a angústia pelo
que falta ou pelo que foi perdido. Estudos como os de Kabat-Zinn (1990)
demonstram que a atenção plena pode diminuir sintomas de ansiedade e depressão,
favorecendo o bem-estar emocional.
Desapego consciente e
construção de significado
Para por Frankl (1946) em seu
livro "Em Busca de Sentido", a capacidade de encontrar
significado em experiências difíceis, em vez de lutar contra elas, pode
permitir um caminho mais saudável para lidar com o sofrimento. A psicanálise e Filosofias
orientais vaticinam que nem tudo precisa ser possuído ou mantido eternamente
para gerar felicidade.
Aceitação e reconstrução
emocional
Aprender a aceitar mudanças e
a inevitabilidade da transitoriedade permite que o indivíduo construa novas
perspectivas sem carregar o peso do passado. A abordagem da terapia
cognitivo-comportamental (Beck, 1976) reforça a importância de reformular
pensamentos disfuncionais para uma visão mais resiliente da realidade.
Conclusão
O sofrimento é inerente à
condição humana, mas pode ser transformado em aprendizado. Quando compreendemos
que desejo e perda fazem parte da experiência da vida, podemos encontrar formas
mais equilibradas de lidar com eles. Afinal, a felicidade não está apenas no
que temos ou no que perdemos, mas na qualidade dos pensamentos que cultivamos.
Citação Inspiradora "A felicidade da sua vida depende da qualidade dos seus pensamentos." — Marco Aurélio
Fontes Bibliográficas
BECK, A. T.
Terapia cognitiva e os transtornos emocionais. Nova York: International
Universities Press, 1976.
FRANKL, V. Em
busca de sentido. Boston: Beacon Press, 1946.
KABAT-ZINN, J.
Vivendo a catástrofe completa: utilizando a sabedoria do corpo e da mente para
enfrentar o estresse, a dor e a doença. Nova York: Bantam Dell, 1990.
NASCIMENTO, P. V. S.; ALVES,
P. C. R. Luto e desejo no contexto psicológico: forças
contraditórias na vivência da perda. Revista FT, São Paulo, v. XX, n. XX, p.
XX-XX, 2025.
SOUZA, A. M.; PONTES, S. A. As
diversas faces da perda: o luto para a psicanálise. Analytica: Revista de
Psicanálise, Rio de Janeiro, v. XX, n. XX, p. XX-XX, 2016.
Somos o que pensamos. Por isso, acretido que não precisamos lutar contra pensamentos indesejáveis, mas podemos aquietá-los e ressignificar todas as ideias contrárias ao que nos faz bem.
ResponderExcluirFrankl não sucumbiu ao campo de concentração nazista porque escolheu pensar e valorizar o que viria depois do sofrimento. Ele sempre acreditou em tempos melhores e conquistas futuras. Podemos fazer o mesmo
Muito bem colocado! Nossa maneira de interpretar os acontecimentos molda diretamente nossa experiência de vida. Assim como Frankl encontrou força na esperança e no significado, podemos treinar nossa mente para ressignificar desafios e transformar dificuldades em crescimento. A prática da aceitação e da ressignificação nos ajuda a criar uma mentalidade mais resiliente e voltada para o que nos faz bem.
ExcluirObrigado por comentar
Belíssima reflexão.
ResponderExcluirMuito obrigado! É realmente uma reflexão que nos convida a pensar sobre o poder da nossa mente e das nossas escolhas. Quando conseguimos direcionar nossos pensamentos para o que nos fortalece, abrimos caminho para uma vida mais significativa e equilibrada. Fico feliz que essa ideia tenha ressoado com você
ExcluirExcelente artigo Dr. Antônio!!! Abs.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMuito obrigado, Paulo! Fico feliz que tenha apreciado o artigo. Espero que ele tenha trazido insights valiosos para você. Grande abraço!
ExcluirAchei incrível como você abordou o sofrimento humano de forma tão clara e profunda. A relação entre desejo e perda faz todo sentido, e me fez pensar muito sobre como lido com minhas próprias expectativas.
ResponderExcluir( mexeu comigo)
Parabéns pelo conteúdo!
Muito obrigado pelo seu comentário! Fico imensamente feliz em saber que o texto teve um impacto significativo para você. A relação entre desejo e perda é um tema que mexe com todos nós, e poder trazer essa reflexão de forma clara é algo que me motiva. Espero que essa perspectiva continue contribuindo para sua jornada pessoal. Obrigado por compartilhar seu pensamento!
ExcluirRealmente nem tudo que desejamos pode acontecer e as vezes perda nos traz amadurecimento
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