segunda-feira, 16 de junho de 2025

QUEM SOU EU QUANDO NÃO HÁ OLHOS ME OBSERVANDO?

 
A espiritualidade no contexto bíblico acrescenta uma dimensão profunda à reflexão sobre identidade e autenticidade.

A questão persiste em um silêncio que ecoa. Somos realmente os mesmos quando não há ninguém nos olhando? Ou moldamos nossas respostas e comportamentos conforme o ambiente e as expectativas externas?

Para ROGERS, há um abismo entre o self real (quem realmente somos), o self percebido (como nos vemos) e o self ideal (quem gostaríamos de ser). O "eu normal" surge como um espaço intermediário, uma tentativa de equilíbrio entre esses aspectos. Mas será que conseguimos de fato essa coerência?

Henri Tajfel, explica por meio da Teoria da Identidade Social, demonstra que moldamos nossa percepção do eu conforme os grupos aos quais pertencemos. Nossa identidade não é fixa—ela se adapta conforme o contexto social. No trabalho, na família, entre amigos, manifestamos versões distintas de nós mesmos, não por falsidade, mas porque a adaptação é intrínseca à existência.

Sigmund Freud e Carl Jung ampliam esse pensamento ao afirmar que forças inconscientes influenciam nossa percepção de quem somos e quem deveríamos ser. Nosso ego busca coerência, mas é pressionado tanto pelo id (nossos impulsos primitivos) quanto pelo superego (as normas internalizadas). Dessa forma, o "eu normal" pode ser entendido como um mecanismo de defesa—uma tentativa de estabilizar essas forças internas.

No contexto bíblico, a identidade transcende o mero ajuste social e psicológico—ela se fundamenta na espiritualidade. Em Gálatas 2:20, Paulo escreve: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim." Essa afirmação sugere que a identidade genuína não depende apenas da percepção externa, mas de uma conexão interior e divina.

A Bíblia constantemente enfatiza que Deus nos conhece em nossa essência, independentemente das máscaras sociais que usamos. Em Jeremias 1:5, Ele diz: "Antes que eu te formasse no ventre, te conheci." Isso significa que, quando estamos sozinhos, sem olhares nos observando, ainda somos vistos e conhecidos por Deus—sem filtros, sem adaptações.

Se tomarmos a perspectiva existencialista, o "eu normal" pode ser um obstáculo à autenticidade. Viktor Frankl e Rollo May enfatizam a necessidade de busca por significado e identidade genuína. A normalidade não seria um destino, mas um conforto ilusório—uma proteção contra a incerteza de sermos múltiplos, transitórios, em constante transformação.

Aceitar que somos feitos de camadas, e não de uma única identidade fixa, nos liberta. O "eu normal" não é uma linha reta, mas um espaço onde todas as versões coexistem sem necessidade de classificação. Não há fixidez, apenas expansão—e, para aqueles que creem, essa expansão se conecta a algo maior e transcendente.

 Citação inspiradora:
"O privilégio de uma vida é se tornar quem você realmente é." – Carl Jung

 

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