segunda-feira, 16 de junho de 2025

QUEM SOU EU QUANDO NÃO HÁ OLHOS ME OBSERVANDO?

 
A espiritualidade no contexto bíblico acrescenta uma dimensão profunda à reflexão sobre identidade e autenticidade.

A questão persiste em um silêncio que ecoa. Somos realmente os mesmos quando não há ninguém nos olhando? Ou moldamos nossas respostas e comportamentos conforme o ambiente e as expectativas externas?

Para ROGERS, há um abismo entre o self real (quem realmente somos), o self percebido (como nos vemos) e o self ideal (quem gostaríamos de ser). O "eu normal" surge como um espaço intermediário, uma tentativa de equilíbrio entre esses aspectos. Mas será que conseguimos de fato essa coerência?

Henri Tajfel, explica por meio da Teoria da Identidade Social, demonstra que moldamos nossa percepção do eu conforme os grupos aos quais pertencemos. Nossa identidade não é fixa—ela se adapta conforme o contexto social. No trabalho, na família, entre amigos, manifestamos versões distintas de nós mesmos, não por falsidade, mas porque a adaptação é intrínseca à existência.

Sigmund Freud e Carl Jung ampliam esse pensamento ao afirmar que forças inconscientes influenciam nossa percepção de quem somos e quem deveríamos ser. Nosso ego busca coerência, mas é pressionado tanto pelo id (nossos impulsos primitivos) quanto pelo superego (as normas internalizadas). Dessa forma, o "eu normal" pode ser entendido como um mecanismo de defesa—uma tentativa de estabilizar essas forças internas.

No contexto bíblico, a identidade transcende o mero ajuste social e psicológico—ela se fundamenta na espiritualidade. Em Gálatas 2:20, Paulo escreve: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim." Essa afirmação sugere que a identidade genuína não depende apenas da percepção externa, mas de uma conexão interior e divina.

A Bíblia constantemente enfatiza que Deus nos conhece em nossa essência, independentemente das máscaras sociais que usamos. Em Jeremias 1:5, Ele diz: "Antes que eu te formasse no ventre, te conheci." Isso significa que, quando estamos sozinhos, sem olhares nos observando, ainda somos vistos e conhecidos por Deus—sem filtros, sem adaptações.

Se tomarmos a perspectiva existencialista, o "eu normal" pode ser um obstáculo à autenticidade. Viktor Frankl e Rollo May enfatizam a necessidade de busca por significado e identidade genuína. A normalidade não seria um destino, mas um conforto ilusório—uma proteção contra a incerteza de sermos múltiplos, transitórios, em constante transformação.

Aceitar que somos feitos de camadas, e não de uma única identidade fixa, nos liberta. O "eu normal" não é uma linha reta, mas um espaço onde todas as versões coexistem sem necessidade de classificação. Não há fixidez, apenas expansão—e, para aqueles que creem, essa expansão se conecta a algo maior e transcendente.

 Citação inspiradora:
"O privilégio de uma vida é se tornar quem você realmente é." – Carl Jung

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

AFORMAÇÕES – O PODER DO AUTOQUESTIONAMENTO ESTRATÉGICO NA TRANSFORMAÇÃO COGNITIVA

INTRODUÇÃO 

As aformações, conceito desenvolvido por Noah St. John, surgiram como uma abordagem inovadora para potencializar a transformação cognitiva, oferecendo uma alternativa refinada às afirmações tradicionais. Ao contrário das afirmações positivas convencionais, que podem gerar

resistência mental quando não condizem com a realidade interna do indivíduo, as aformações operam de maneira mais natural e instigante, reformulando mensagens em forma de pergunta reflexiva.

Um exemplo clássico: enquanto uma afirmação tradicional diria “Sou uma pessoa confiante e bem-sucedida”, aformações reformulam essa ideia para algo como “Por que sou uma pessoa tão confiante e bem-sucedida?”. Essa sutil alteração cria um efeito poderoso no cérebro, pois ativa mecanismos cognitivos voltados para a busca de respostas, levando o indivíduo a encontrar justificativas internas que validem essa percepção.

A CIÊNCIA POR TRÁS DAS AFORMAÇÕES

O funcionamento das aformações está profundamente ligado à forma como o cérebro processa informações "Ao nos questionarmos sobre algo, acionamos o Sistema de Ativação Reticular (SAR), uma rede neural que possibilita a regulagem a filtragem de estímulos promovendo o direcionamento da atenção. Isso significa que, ao formular uma pergunta positiva sobre nós mesmos, o cérebro começa a buscar evidências que sustentem essa ideia, influenciando diretamente nossa autoimagem e percepção de realidade.

Estudos em neurociência cognitiva sugerem que perguntas ativam áreas como o córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento crítico e pela resolução de problemas. Assim, o uso consciente de aformações pode:

  • Reduzir padrões de pensamento negativo, afastando vieses cognitivos autodestrutivos.
  • Fortalecer a resiliência emocional, criando uma mentalidade de crescimento e aprendizado contínuo.
  • Estimular a neuroplasticidade, reforçando conexões neurais ligadas à autoeficácia e ao bem-estar psicológico.

 AFORMAÇÕES E A REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem como um de seus principais pilares a reestruturação cognitiva, que visa modificar padrões de pensamento disfuncionais para promover mudanças emocionais e comportamentais. Integrar aformações nesse processo pode potencializar significativamente os resultados terapêuticos.

As principais formas de integração incluem:

  1. Transformação de Crenças Limitantes
    • Uma pessoa que acredita que “Nunca conseguirei atingir meus objetivos” pode reformular esse pensamento para “Por que sou capaz de atingir meus objetivos?”.
    • Esse processo ativa a busca por respostas positivas, permitindo uma mudança de perspectiva mais natural e eficaz.
  2. Desconstrução de Pensamentos Automáticos Negativos
    • Os pensamentos automáticos frequentemente derivam de percepções subjetivas que podem não refletir com precisão a realidade.
    • Usar aformações como estratégia pode ajudar a quebrar esses ciclos e substituir padrões autodestrutivos por interpretações mais adaptativas.
  3. Fortalecimento do Diálogo Interno Construtivo
    • O uso frequente de aformações gera um impacto profundo na narrativa interna do indivíduo.
    • Através desse questionamento estratégico, é possível cultivar um mindset mais resiliente e otimista.
    •  

COMO APLICAR AS AFORMAÇÕES NA PRÁTICA?

Para transformar esse conceito em uma ferramenta cotidiana, siga este fluxo prático:

1. Identificação de Padrões de Pensamento Limitantes

  • Observe quais pensamentos recorrentes impactam sua confiança e motivação.
  • Registre momentos em que esses pensamentos aparecem e analise suas origens.

2. Reformulação para Aformações

  • Pegue cada pensamento negativo e reformule-o em uma pergunta fortalecedora.
  • Exemplo: Em vez de pensar "Nunca consigo aprender coisas novas", pergunte: "Por que tenho tanta facilidade para aprender coisas novas?".

3. Registro de Respostas Positivas e Evidências

  • Liste todas as razões pelas quais essa nova percepção pode ser verdadeira.
  • Procure exemplos concretos em sua vida que sustentem essa ideia.

4. Monitoramento das Mudanças no Pensamento e Comportamento

  • Observe como sua mentalidade evolui com o uso contínuo das aformações.
  • Ajuste as perguntas conforme necessário para reforçar padrões de pensamento positivos.

CONCLUSÃO

As aformações são um recurso poderoso que pode ser integrado ao processo de reestruturação cognitiva na TCC, promovendo uma mudança interna profunda e fortalecendo a autoeficácia. Ao adotar essa técnica como parte do seu cotidiano, você poderá reconfigurar sua percepção de si mesmo, ampliando sua capacidade de superar desafios e alcançar novos níveis de crescimento pessoal.

A mente tem um incrível potencial de adaptação, e ao direcionarmos nossas perguntas para soluções e possibilidades, criamos um ambiente interno que favorece mudanças positivas e duradouras. 


BIBLIOGRAFIA:

 ST. JOHN, Noah. O Livro das Aformações: Descobrindo a Peça Perdida para Saúde, Riqueza, Amor e Felicidade. Waterfall Media, 2013.

Quer saber mais sobre o assunto?

psi.antonioevangelista@gmail.com

 

 

 

terça-feira, 3 de junho de 2025

PERTENCER: ENTRE O ACOLHIMENTO, A LIBERDADE E A VULNERABILIDADE

A necessidade de pertencimento é uma das forças mais fundamentais da psique humana, impactando profundamente o comportamento, as emoções e a construção da identidade. Essa necessidade pode ser vista sob duas perspectivas: uma positiva, que fortalece a saúde mental e a sociabilidade, e uma negativa, que pode levar à perda de autenticidade e ao sofrimento emocional.

 Provocação:

a)    Você já se sentiu forçado a mudar sua autenticidade para se encaixar em um grupo? Até que ponto a necessidade de pertencimento impacta sua liberdade individual?

Na busca por pertencimento, será que nos tornamos quem realmente somos ou apenas aquilo que os outros esperam de nós?

Obs: Responda nos comentários



O lado positivo do pertencimento

A conexão com grupos sociais, sejam familiares, culturais ou profissionais, desempenha um papel crucial no desenvolvimento psicológico. Alguns benefícios incluem:

  1. Segurança emocional: Sentir-se parte de um grupo traz apoio emocional e reduz sentimentos de solidão e ansiedade. Baumeister e Leary (1995) afirmam que “os seres humanos têm uma necessidade persistente e generalizada de formar e manter relacionamentos interpessoais fortes, estáveis e afetivos.”
  2. Autoestima fortalecida: O reconhecimento e a aceitação social podem aumentar a confiança e a percepção de valor pessoal. A construção da identidade, segundo Erik Erikson (1968), é diretamente influenciada pelo pertencimento social.
  3. Colaboração e empatia: Laços sociais incentivam a cooperação e a capacidade de compreender o outro, promovendo relações saudáveis. A Teoria da Autodeterminação (Deci & Ryan, 1985) reforça que o pertencimento deve estar alinhado à autonomia e à competência para promover bem-estar.
  4. Sentido de identidade: Fazer parte de uma comunidade contribui para a formação de identidade e propósito, ajudando indivíduos a se situarem no mundo.

O lado negativo do pertencimento

Por outro lado, a necessidade excessiva de aceitação pode gerar desafios psicológicos que comprometem o bem-estar. Alguns riscos incluem:

  1. Supressão da autenticidade: O desejo de pertencimento pode levar à adaptação excessiva às normas do grupo, impedindo a expressão genuína da individualidade. Brené Brown (2010) destaca que “pertencer sem precisar mudar quem somos é um dos maiores desafios emocionais da vida adulta.”
  2. Medo da rejeição: Quando a aceitação se torna um critério central para a autoavaliação, o indivíduo pode desenvolver ansiedade social e medo de ser excluído.
  3. Influência negativa: A necessidade de pertencimento pode tornar alguém vulnerável a grupos nocivos ou manipuladores, levando a decisões prejudiciais.
  4. Dependência emocional: A busca constante por aprovação pode gerar relacionamentos desequilibrados, nos quais a pessoa se torna emocionalmente dependente da aceitação alheia. 

Reflexão psicológica

A chave para um pertencimento saudável está no equilíbrio entre a conexão social e a preservação da individualidade. A Teoria da Autodeterminação, proposta por Deci e Ryan, sugere que a necessidade de relacionamento deve coexistir com autonomia e competência para que o desenvolvimento psicológico seja positivo. A construção de um pertencimento genuíno ocorre quando o indivíduo se sente livre para ser autêntico sem medo de rejeição.

Nesse contexto, o caminho para uma vida emocionalmente equilibrada envolve cultivar laços sociais genuínos, evitar padrões de dependência e compreender que o pertencimento mais valioso não é aquele imposto, mas o que permite a autenticidade. 

Bibliografia:

BAUMEISTER, Roy F.; LEARY, Mark R. A necessidade de pertencer: o desejo por vínculos interpessoais como uma motivação humana fundamental. Psychological Bulletin, v. 117, n. 3, p. 497-529, 1995.

 DECI, Edward L.; RYAN, Richard M. Teoria da autodeterminação: uma macroteoria sobre motivação humana, desenvolvimento e saúde. Canadian Psychology/Psychologie Canadienne, v. 49, n. 3, p. 182-185, 2008.

 BROWN, Brené. Os presentes da imperfeição: abra mão de quem você acha que deve ser e aceite quem você realmente é. Center City: Hazelden Publishing, 2010.

 

 

sábado, 31 de maio de 2025

A PSICOLOGIA DAS LEMBRANÇAS - COMO NOSSA MEMÓRIA MOLDA QUEM SOMOS


 Memórias Nossas de Cada Dia

Nossa identidade é tecida pelas lembranças que carregamos. São elas que nos conectam ao passado, influenciam nossas decisões promovendo a modelagem de nosso ser. A psicologia explica que a memória não é apenas um registro passivo de eventos, mas uma construção dinâmica, influenciada por emoções, hábitos e processos químicos do nosso cérebro. Memórias podem ser ativadas por estímulos externos e, muitas vezes, reinterpretadas com o tempo. Nesta reflexão, exploramos três tipos essenciais de memória: afetiva, muscular e química.

 

Memória Afetiva – O Coração das Lembranças

A memória afetiva nos remete a momentos que deixaram marcas emocionais profundas. A psicologia cognitiva vaticina que emoções intensas proporcionam a fixação das lembranças, tornando o seu fluxo mais continuo, permanentes e estáveis. Isso ocorre porque áreas como a amígdala e o hipocampo trabalham juntas para consolidar recordações emocionais.

O impacto da memória afetiva pode ser observado em diversos momentos da vida. Por exemplo, um cheiro de um bolo que sua avó preparava para a família pode trazer à tona lembranças da infância, trazendo a tona sentimentos associados àquele período. Uma música pode transportar alguém para um momento específico do passado, evocando sensações que pareciam adormecidas.

Além disso, estudos da psicologia afirmam que memórias afetivas podem influenciar nossa tomada de decisões. Quando enfrentamos situações similares às vividas anteriormente, nosso cérebro recorre a essas experiências emocionais para guiar escolhas e comportamentos. Assim, emoções e lembranças caminham juntas na construção da nossa percepção do mundo.


            “A memória é o diário que todos levamos conosco.” Oscar Wilde

 

Memória Seletiva – O Filtro da Identidade

A memória seletiva pode ser vista como um mecanismo que ajuda a moldar nossa identidade ao longo do tempo. Nossa mente tende a preservar memórias que reforçam nossa percepção sobre nós mesmos, enquanto outras podem ser esquecidas ou distorcidas.

Por exemplo, alguém que acredita ser corajoso pode se lembrar com mais intensidade dos momentos em que enfrentou desafios, mas pode não dar tanta atenção a situações em que sentiu medo ou hesitação. Esse processo pode influenciar diretamente nossa autoconfiança, nossas decisões futuras e até mesmo nosso modo de interagir com o mundo.

Estudos recentes revelam que a memória seletiva influência de maneira impactante os indivíduos em suas relações interpessoais. Quando nos lembramos apenas dos aspectos positivos ou negativos de uma pessoa ou situação, isso pode afetar a forma como nos relacionamos com ela no presente. É por isso que, muitas vezes, memórias influenciam julgamentos e sentimentos de maneira inconsciente.

O filme Divertidamente 2 (INSIDE OUT 2, 2024) explora de forma criativa a relação entre memórias e identidade. Ele introduz o conceito do Sistema de Crenças, mostrando como lembranças específicas podem influenciar diretamente a visão que Riley tem de si mesma e do mundo ao seu redor. O filme também destaca o impacto das experiências traumáticas, sugerindo que algumas memórias podem ser fragmentadas ou reprimidas, dificultando o processamento emocional completo. Além disso, Divertidamente 2 aborda a ansiedade como um fator que pode desestabilizar a mente. Diferente de emoções básicas como alegria e tristeza, a ansiedade não é um sentimento, mas sim um transtorno psicológico que pode comprometer o bem-estar. Esse aspecto do filme reforça a importância do autoconhecimento e da gestão emocional na construção da identidade e na forma como lidamos com os desafios da vida. Especialistas também alertam para o alto nível de estresse retratado na narrativa, o que pode ser intenso para crianças mais novas.

Memória Muscular – A Sabedoria do Corpo

A memória muscular é um tipo de aprendizado motor que permite realizar tarefas sem esforço consciente, resultado da prática e repetição. Psicologicamente, esse tipo de memória está ligado ao aprendizado implícito, que ocorre sem a necessidade de atenção ativa. O córtex motor e o cerebelo desempenham papéis cruciais nesse armazenamento, permitindo que gestos como tocar um instrumento ou digitar sejam executados com fluidez e precisão.

Um exemplo clássico de memória muscular é aprender a andar de bicicleta. No início, exige concentração e esforço, mas com o tempo, o movimento se torna automático. Outro exemplo é a digitação: os dedos se movem de maneira fluida sobre o teclado sem que seja necessário pensar na localização das letras. (Você se recorda da época das maquinas datilográfica?).

 

Estudos neurológico revelam que a memória muscular mantem se firme e resistente, mesmo após anos sem praticar determinada habilidade, ao retomá-la, o cérebro ativa rapidamente as conexões formadas anteriormente, facilitando a execução das atividade outrora suspensas. Isso explica por que músicos podem retomar uma peça musical após anos sem tocá-la ou por que um ex-atleta pode recuperar parte de sua habilidade com treino adequado.

 

Memória Química – O Labirinto Neurobiológico

Nosso cérebro é uma usina química em constante atividade, onde neurotransmissores como dopamina, serotonina e cortisol modulam nossas experiências e lembranças. A neurociência mostra que a dopamina melhora a retenção de informações ao reforçar circuitos de recompensa, enquanto altos níveis de cortisol, relacionados ao estresse, podem prejudicar a memória.

Pesquisas indicam que estados emocionais alteram a química cerebral e influenciam a qualidade da memória. Durante períodos de estresse intenso, o cérebro libera uma grande quantidade de cortisol, o que pode comprometer a capacidade de consolidar novas informações. Esse excesso pode dificultar a atenção e a retenção do aprendizado, tornando mais desafiador o armazenamento de memórias de longo prazo.
No entanto, o estado emocional positivo, momentos de felicidade e esperança, favorecem a produção da dopamina. Esse neurotransmissor atua fortalecendo circuitos neurais relacionados à memória e ao aprendizado, tornando a assimilação de informações mais eficiente e contribuindo para uma recordação mais clara.

 

Quer saber mais sobre como a memória seletiva pode ser usada de forma consciente para fortalecer aspectos positivos da sua identidade?

 

 

Bibliográficas

BADDELEY, Alan. Memória humana: teoria e prática. Londres: Psychology Press, 1997.

GAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B.; MANGUN, George R. Neurociência cognitiva: a biologia da mente. Nova York: W.W. Norton & Company, 2018.

PIXAR ANIMATION STUDIOS. Divertidamente 2. Direção de Kelsey Mann. Produção de Mark Nielsen. Estados Unidos: Walt Disney Pictures, 2024.

SHIFFRIN, Richard M.; SCHNEIDER, Walter. Processamento humano de informação controlado e automático. Psychological Review, v. 84, n. 2, p. 127-190, 1977.

SQUIRE, Larry R.; KANDEL, Eric R. Memória: da mente às moléculas. Nova York: Roberts & Company Publishers, 1999.

TULVING, Endel. Elementos da memória episódica. Oxford: Oxford University Press, 1985.


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segunda-feira, 26 de maio de 2025

A Jornada do Inconsciente e da Realização - Encontre o Sonho


  Encontre o Sonho…

Introdução

Na rotina acelerada da vida moderna, é fácil perder a conexão com nossa essência. No entanto, sonhar não é um luxo, mas uma necessidade para o equilíbrio emocional e psicológico. Os sonhos nos impulsionam, oferecendo propósito e direção. Encontrar um sonho, no entanto, exige coragem para olhar para dentro, compreender desejos profundos e superar os limites impostos pelo medo e pelas circunstâncias.

Este artigo aborda os sonhos não apenas como aspirações e metas de vida, mas também como fenômenos do inconsciente durante o sono, explorando suas funções psicológicas e a conexão entre ambos.

O Que é um Sonho?


Os sonhos são experiências subjetivas que ocorrem durante o sono, manifestando-se por meio de imagens, sensações e narrativas variadas. Eles podem refletir memórias, emoções e até mesmo impulsos inconscientes.

A psicanálise atribui aos sonhos um papel fundamental na revelação de aspectos internos da mente. Sigmund Freud, um dos maiores estudiosos do inconsciente, sugeriu que os sonhos atuam como uma via de acesso a conteúdos reprimidos, permitindo que nossa mente explore e processe emoções e conflitos internos.

Além da psicanálise, estudos em neurociência indicam que os sonhos desempenham funções importantes no cérebro, incluindo o fortalecimento da memória, a regulação emocional e o estímulo à criatividade.

Fases do Sono e os Sonhos

O ciclo do sono é composto por diferentes estágios, cada um contribuindo de maneira específica para o descanso e a atividade cerebral:

  • Sono leve – Representa a transição entre a vigília e o sono, com relaxamento do corpo e pensamentos dispersos.
  • Sono intermediário – Caracteriza-se por um aprofundamento do descanso e sonhos fragmentados, geralmente relacionados às experiências do dia.
  • Sono profundo – Essencial para a recuperação física, essa fase possui menor incidência de sonhos, tornando-os mais difíceis de lembrar.
  • Sono REM (Movimento Rápido dos Olhos) – Momento em que o cérebro exibe intensa atividade, favorecendo a formação de sonhos vívidos e emocionalmente carregados.

Durante o sono REM, a atividade cerebral nas áreas responsáveis pela memória e pelas emoções se intensifica, o que contribui para a profundidade e o impacto dos sonhos dessa fase.

O Sonho Como Fonte de Motivação

Do ponto de vista psicológico, sonhar está diretamente relacionado à motivação intrínseca, aquela força interior que nos impulsiona sem necessidade de estímulos externos. Cultivar um sonho e dedicar-se a sua concretização fortalece a autoconfiança, proporciona uma profunda sensação de realização e dá sentido à jornada da vida.

A psicologia positiva sugere que visualizar e agir sobre os próprios sonhos contribui para níveis mais elevados de felicidade, pois essa conexão com nossos desejos autênticos nos inspira a seguir em frente e construir uma realidade mais satisfatória.

🎯 Pergunta para Reflexão: Quais sonhos você guarda? Quais ainda precisa encontrar?

Conclusão:

Sonhar não significa apenas definir um objetivo, mas embarcar em um processo de autoconhecimento e transformação. Quando alguém descobre e se compromete com seu próprio sonho, também encontra partes valiosas de sua identidade. Seja nos caminhos incosciente da mente ou na materialização de nossas aspirações, os sonhos desempenham um papel essencial em nossa jornada de crescimento e transformação.

 

Bibliografia

  • FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
  • DAMÁSIO, Antônio. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
  • HOBSON, J. Allan. The Dreaming Brain. New York: Basic Books, 1988.
  • KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
  • REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Os impactos dos sonhos na regulação emocional e na memória. São Paulo: SciELO, 2024.
  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Estágios do sono e suas implicações neurológicas. Belo Horizonte: UFMG, 2020.

 

terça-feira, 20 de maio de 2025

HIPOCONDRIA AFETIVA


 QUANDO O SENTIMENTO DO OUTRO SE TORNA UMA DOENÇA

Na sociedade moderna, onde as conexões humanas são cada vez mais entrelaçadas por redes sociais e relações simbióticas, surge um fenômeno psicológico silencioso, mas devastador: a hipocondria afetiva. Não se trata do clássico medo da morte ou da busca incessante por doenças físicas inexistentes, mas de um estado em que a pessoa se intoxica emocionalmente com as dores alheias, assumindo-as como suas.

Esse indivíduo não apenas se sensibiliza com o sofrimento alheio, mas o incorpora de tal forma que a angústia do outro se torna uma chaga interna, um peso emocional que cresce sem controle. Cada desabafo, cada tragédia ou cada relato de sofrimento provoca nele um reflexo psíquico intenso—como se estivesse pessoalmente vivendo a mesma dor. Esse mecanismo pode ser visto como uma fusão emocional tóxica, em que a empatia ultrapassa os limites do saudável e se transforma numa espécie de enfermidade psíquica.

                                                            Imagem de Elisa por Pixabay

Tal absorção pode gerar sintomas profundos: exaustão emocional crônica, crises de ansiedade e uma perda gradual de identidade, pois a pessoa deixa de viver suas próprias emoções para se tornar um espelho da dor dos outros. O peso da existência se torna insustentável, e a necessidade de aliviar o sofrimento alheio passa a ser um ciclo compulsivo e sem fim.

Reflexão Psicológica

A hipocondria afetiva pode ser entendida como um mecanismo inconsciente de fuga. Quando uma pessoa se afunda nas emoções dos outros, talvez esteja evitando lidar com seus próprios medos e frustrações. Essa intoxicação emocional pode surgir de uma necessidade extrema de pertencimento—como se absorver a dor do outro fosse uma maneira de ser útil, de justificar sua própria existência.

Esse fenômeno também revela um tipo de vulnerabilidade emocional associada à falta de limites internos. A verdadeira empatia não significa carregar a dor alheia, mas saber ouvir, acolher e oferecer apoio sem se perder no processo. Aprender a diferenciar o que é nosso e o que é do outro pode ser um dos maiores desafios para quem vive esse ciclo de sofrimento indireto.

Construir barreiras emocionais saudáveis não é indiferença, mas uma forma de preservar a própria sanidade. Afinal, a dor do outro pode ser acolhida, mas jamais deve ser apropriada.

Citação Inspiradora

"Ser apoio não é absorver a dor alheia, mas oferecer um espaço seguro onde o outro possa descansar do peso sem que nos afunde junto. A verdadeira compaixão acolhe sem se anular." -  Psi. Antonio Evangelista

 Obs: Se precisar de ajuda para lidar com a questão, deixe um comentário - Ou entre em contato pelo email.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

O DESEJO E A PERDA — Como os Grandes Motores do Sofrimento

O sofrimento humano pode ser compreendido como uma interseção entre expectativa e realidade. A frustração pelo que não se tem nasce do desejo não satisfeito, enquanto a dor pelo que foi perdido surge da memória e do apego. Ambas são forças psíquicas que moldam nossas emoções e percepções do mundo. Mas como podemos entender esses sentimentos e minimizar seus impactos sobre nossa existência?

O Ciclo do Desejo e da Perda

O dilema entre desejar e perder é um ciclo contínuo. Desde os primeiros momentos da vida, o ser humano experimenta faltas: o choro do bebê por alimento, o adolescente ansiando por pertencimento e o adulto buscando reconhecimento e realizações.

O desejo é um motor poderoso que impulsiona conquistas e progresso, mas também alimenta ansiedade e insatisfação. A busca incessante por mais — mais sucesso, mais bens, mais experiências — Pode impedir a apreciação do que já foi alcançado, tornando o desejo uma fonte permanente de frustração.


                                                       Imagem de JackieLou DL por Pixabay

Por outro lado, a dor da perda carrega o peso daquilo que já foi tangível. Diferente do desejo pelo que nunca se teve, a ausência do que se perdeu é marcada por lembranças e vínculos emocionais, tornando o sofrimento mais profundo.

A questão central que emerge é: como lidar com esses estados sem que o sofrimento se torne paralisante?

Reflexão Psicológica: O Caminho para o Equilíbrio

A psicologia sugere que ressignificar experiências e desenvolver a capacidade de viver o presente são estratégias eficazes para aliviar os impactos do sofrimento.

Mindfulness e presença plena

A prática do mindfulness ensina a direcionar a atenção ao momento presente, reduzindo a angústia pelo que falta ou pelo que foi perdido. Estudos como os de Kabat-Zinn (1990) demonstram que a atenção plena pode diminuir sintomas de ansiedade e depressão, favorecendo o bem-estar emocional.

Desapego consciente e construção de significado

Para por Frankl (1946) em seu livro "Em Busca de Sentido", a capacidade de encontrar significado em experiências difíceis, em vez de lutar contra elas, pode permitir um caminho mais saudável para lidar com o sofrimento. A psicanálise e Filosofias orientais vaticinam que nem tudo precisa ser possuído ou mantido eternamente para gerar felicidade.

Aceitação e reconstrução emocional

Aprender a aceitar mudanças e a inevitabilidade da transitoriedade permite que o indivíduo construa novas perspectivas sem carregar o peso do passado. A abordagem da terapia cognitivo-comportamental (Beck, 1976) reforça a importância de reformular pensamentos disfuncionais para uma visão mais resiliente da realidade.

Conclusão

O sofrimento é inerente à condição humana, mas pode ser transformado em aprendizado. Quando compreendemos que desejo e perda fazem parte da experiência da vida, podemos encontrar formas mais equilibradas de lidar com eles. Afinal, a felicidade não está apenas no que temos ou no que perdemos, mas na qualidade dos pensamentos que cultivamos.

Citação Inspiradora "A felicidade da sua vida depende da qualidade dos seus pensamentos." — Marco Aurélio


Fontes Bibliográficas

BECK, A. T. Terapia cognitiva e os transtornos emocionais. Nova York: International Universities Press, 1976.

FRANKL, V. Em busca de sentido. Boston: Beacon Press, 1946.

KABAT-ZINN, J. Vivendo a catástrofe completa: utilizando a sabedoria do corpo e da mente para enfrentar o estresse, a dor e a doença. Nova York: Bantam Dell, 1990.

NASCIMENTO, P. V. S.; ALVES, P. C. R. Luto e desejo no contexto psicológico: forças contraditórias na vivência da perda. Revista FT, São Paulo, v. XX, n. XX, p. XX-XX, 2025.

SOUZA, A. M.; PONTES, S. A. As diversas faces da perda: o luto para a psicanálise. Analytica: Revista de Psicanálise, Rio de Janeiro, v. XX, n. XX, p. XX-XX, 2016.

 

QUEM SOU EU QUANDO NÃO HÁ OLHOS ME OBSERVANDO?

  A espiritualidade no contexto bíblico acrescenta uma dimensão profunda à reflexão sobre identidade e autenticidade. A questão persiste e...