segunda-feira, 30 de junho de 2025

O PESO DAS PALAVRAS


 QUANDO O SIGNIFICADO ADOECE A MENTE

“Algumas palavras são tão leves que se perdem no espaço e no ar - outras são tão pesadas que podem suscitar traumas e castrações.”

Somos feitos de linguagem. Antes mesmo de sermos nomeados, já éramos moldados pelas palavras ao redor - promessas, repreensões, silêncios. Cada gesto verbal (ou a ausência dele) se inscreve na memória como uma tatuagem invisível, mas persistente.

À medida que crescemos, aprendemos a dar nome ao mundo. Mas esse vocabulário não descreve apenas o externo - ele constrói o interno. Há uma lacuna considerável entre o que é verbalizado e o que é compreendido. É nesse intervalo que o trauma é incutido.

Um “você não presta” dito na infância pode ecoar por décadas, disfarçado de autossabotagem. Um simples “isso é besteira” pode sufocar uma dor legítima. E o mais curioso: muitas vezes, o que nos fere não é a fala do outro… mas o que ouvimos através dos nossos próprios filtros emocionais.

Imagem de Tom por Pixabay

Porque, no fim, nem sempre o que você ouve, houve. Às vezes, o que houve foi a voz antiga das suas inseguranças falando mais alto que a realidade.

Num mundo hiperconectado, onde tudo se diz mas pouco se escuta com profundidade, reaprender a nomear o mundo é quase um ato de resistência emocional. As palavras que usamos não são apenas ferramentas de expressão - são moldes de realidade. Podem ser abrigo… ou prisão.

Reflexão Psicológica

Pela ótica da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), os pensamentos automáticos funcionam como trilhos mentais: seguimos por eles sem perceber, guiados por significados sedimentados pela dor, pelo medo e pelo julgamento.

Quando esses trilhos são construídos com palavras marcadas por exclusão, vergonha ou culpa, nossa forma de perceber o mundo se estreita. Adoecemos - ora no silêncio do não-dito, ora na brutalidade do mal interpretado.

Reestruturar pensamentos não é negar a dor. É questionar a origem das palavras que usamos contra nós:
“Será que isso é mesmo verdade? Ou carrego heranças emocionais mal digeridas?”

A proposta da TCC é libertadora: sair da rigidez dos significados e abrir espaço para novos vocabulários internos. “Fracasso” pode se transformar em “aprendizado”. “Insucesso” pode ser apenas “experiência”. E até o sofrimento pode se tornar uma semente de reescrita.

Como bem nos lembra Aaron Beck, fundador da abordagem: “Não são os eventos em si que nos perturbam, mas o significado que damos a eles.”

Para Inspirar

“A linguagem é o armário das nossas emoções. E cada palavra mal dobrada pode amassar um sentimento inteiro.” -  Valter Hugo Mãe

E você?

Quais palavras te acompanharam silenciosamente até hoje? Existe alguma que você sente que ainda precisa renomear?

Compartilhe nos comentários - talvez a sua história ajude alguém a encontrar um novo vocabulário para si.

Se preferir, posso sugerir também hashtags, SEO e uma versão adaptada para redes sociais. Quer seguir nessa linha?


                                                                                                         Por Psi. Antonio Evangelista

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